Recordando Meu Querido Pai
 
Nos Caminhos da minha vida
Um poeta encontrei;
Muito aprendi com ele
Assim mais rica fiquei.
Esse poeta era meu pai,
Que pouco escreveu
E tanto deixou p'ra ler;
O livro da minha vida
Tem muitas folhas dele.
Homem calmo
Cheio de paz e amor;
Homem sem ambição
Que a todos dava calor.
Homem simples,
Passaste no mundo despercebido;
Mas toda a tua vida
Para mim deixou sentido.
A teu lado trabalhava a terra
Contigo ia à missa e ao moinho;
Também carregava o carro
Com o arado e o ancinho.
Os bois conheciam-te,
Sempre mansos como a terra;
Todos éramos felizes
Em casa, no vale ou na terra.
Quando comíamos no campo,
À sombra das oliveiras
Para ti tanto olhava;
Queria conquistar
Todas as tuas maneiras.
Se a terra lavravas
Cheio de crença;
Para o céu olhavas
E a Deus pedias
A sua benção.
E Deus abençoava
O trabalho e a oração,
O teu corpo "mortificado"
Pelo trabalho da tua mão.
Quando a sede apertava
Água bebíamos,
Do poço ou do ribeiro;
Assim se ia passando
A vida simples, do Ti Zé do Outeiro.
Do Espinho Grande vieste
Para a Figueira;
Cheio de amor e carinho
Por aquela que amaste.
Assim amaste, dia e noite
Essa alma mimosa;
Chamava-se Ana Ribeiro Laia
Da freguesia da Sobreira Formosa.
Ficaste para sempre
Na Freguesia da Sobreira;
Aí passaste o resto da vida
Com a tua família querida.
Tenho orgulho de ser filha
Já que ainda dás força
À vida,
Quando no desânimo te invoco.
Hoje te recordo com saudade,
Amor, carinho e bondadde.
Passaste na terra, fazendo o bem;
A dizer mal de ti, ...
Não encontro ninguém.


ANA LAIA CARDOSO
Coimbra, 1993